O Debate

13 de Abril de 2009 – 15:25

O debate entre Filipe Soares Franco e António Dias da Cunha esclareceu certamente pouco os (infelizmente poucos) associados do Sporting que ainda se preocupam com o futuro do clube. Tendo sido perdido demasiado tempo em pormenores que aos sócios pouco dizem, consigo ainda destacar três pontos que merecem a atenção de qualquer associado em período de reflexão perante os momentos que se avizinham. Refiro-os, apelando à vossa reflexão.

1) o momento mais importante do debate de ontem foi, para qualquer sócio do Sporting Clube de Portugal, sobretudo para aqueles que ainda carecem de demonstração do facto, aquele em Dias da Cunha leu a até agora desconhecida carta que Filipe Soares Franco lhe dirigiu quando assumiu pela primeira vez o seu ponto de vista sobre o futuro do Sporting Clube de Portugal. Nessa carta Soares Franco confirma o que não só tem demonstrado no decurso da sua presidência (com inegável coerência mas alguma dissimulação) como também o que havia já dado a entender em entrevista que concedeu numa fase de afastamento da vida do clube: o seu divórcio para com os valores fundamentais do clube, nomeadamente o ecletismo e o associativismo, e a sua visão totalmente orientada para o futebol, não como via principal de afirmação do clube, ponto no qual a maioria dos sócios concorda, mas sobretudo como via única, marcada por um contexto empresarial na qual existe espaço apenas para o adepto passivo e consumidor.

2) Ficou por esclarecer, como era previsível, o repentino “buraco” que fundamentou a ascensão ao poder do conselho directivo em funções e a sequência de negócios e alterações que o clube realizou nos últimos anos e que agora nos convidam a apressadamente concluir. Mais do que discutir as cartas do Dr. Rui Meireles ou as interpretações de contratos, penso que faltou, talvez obviamente por iniciativa do Dr. Dias da Cunha, questionar o Dr. Soares Franco e todos aqueles que o acusam de ter promovido um “buraco financeiro” até hoje pouco esclarecido (houvesse auditoria) como foi possível o Dr. Dias da Cunha cavar esse mesmo buraco com a aparente passividade e até silêncio de diversos e inúmeros dirigentes, que integraram os órgãos sociais do clube e do seu universo empresarial, que o acompanharam nos anos em que presidiu ao clube e que agora subscrevem os ataques que lhe são dirigidos, mais especificamente a teoria do “buraco súbito”. Esta é certamente uma questão que o comum sócio do Sporting gostaria de ter visto respondida pois, ao incauto associado parecerá, por vezes, estarmos na presença de um conjunto novo de pessoas, sem passado no clube e portanto sem qualquer responsabilidade no tal “buraco” que serviu de racional à ascensão e consequente rumo traçado para o clube.

3) O debate terminou ainda com um momento simbolicamente esclarecedor para quem segue ainda com atenção as afirmações de Filipe Soares Franco. Puxando de uma folha A4 do “powerpoint” que documenta os valores de investimento dos 3 grandes, o actual presidente do Sporting CP tentou jogar a cartada populista “futebol” agitando o tantas vezes passado por verdadeiro nexo de causalidade “investimento = competitividade”. Ora se para o sócio esclarecido este nexo já será per si questionável, sabendo nós que a chave do sucesso reside sobretudo na qualidade do trabalho desenvolvido e não na quantidade de dinheiro que se atira sobre os problemas, tema aliás no qual a história recente do Sporting já nos deixou inesquecíveis amargos de boca, menos evidente será ainda o referido nexo, quando nos é referido o exemplo do Sport Lisboa e Benfica, que encerrou mais uma época de considerável investimento, possivelmente acima das suas possibilidades, sem não só atingir quaisquer resultados desportivos dignos de registo como, e sobretudo, não deixando nos seus sócios e adeptos âncoras de afectividade e esperança relativamente ao trabalho, rumo e opções estratégicas para o futuro.

Concluídos os três pontos que me merecem destaque no debate de ontem volto a convidar o sócio que leia estas considerações breves a centrar a sua atenção no ponto 1, pois é este que deve ser lido e tido em conta no momento de nos apresentarmos no dia 17 de Abril na próxima Assembleia Geral do clube dispostos a defender a história, valores e pergaminhos de um Sporting Clube de Portugal ecléctico, dos sócios e para os sócios, dando natural relevo ao futebol profissional mas não descurando tudo aquilo que faz do Clube uma realidade incomparável no desporto e na cultura nacional e internacional. Esse ponto, e a conclusão que ontem pudemos retirar das consequências nocivas de um clube que viveu um regime oligárquico de sucessão quase dinástica no último decénio devem impelir-nos definitivamente para o chumbo das propostas do conselho directivo cessante, rumo a um momento eleitoral em que finalmente os sócios (que restam) do Sporting Clube de Portugal possam decidir e optar entre os dois rumos que cada vez mais ameaçam confrontar-se: um clube dos e para os seus sócios e adeptos ou uma sociedade comercial dos e para os seus accionistas.

Pedro da Cunha Ferreira
sócio 9.576

Falta uma semana

10 de Abril de 2009 – 14:11

Afinal havia contas

9 de Abril de 2009 – 8:34

O Conselho Fiscal e Disciplinar do Sporting Clube de Portugal, no exercício de competência que os Estatutos não lhe reconhecem - porventura uma qualquer competência “transitória”, adequada ao momento de “suspensão democrática” que o Clube parece viver -, emitiu uma resposta a afirmações do ex-presidente Dias da Cunha sobre o actual presidente Soares Franco:

Comunicado do Conselho Fiscal e Disciplinar do Sporting Clube de Portugal

A propósito das recentes afirmações à comunicação social do ex Presidente Dr. Dias da Cunha sobre a situação do Clube, o Conselho Fiscal e Disciplinar do Sporting Clube de Portugal vem:

1 - Expressar a sua total solidariedade com o Presidente do Conselho Directivo, Dr. Filipe Soares Franco;

2 - Repudiar os termos e o conteúdo das afirmações do ex-Presidente, e

3 - Esclarecer os seguintes factos:

3.1. Contas consolidadas: Ao longo do seu mandato e por diversas vezes, o Dr. Dias da Cunha prometeu publicamente a apresentação das contas consolidadas do Clube. Nunca o fez, tendo-se limitado a, em 2005, apresentar ao Conselho Leonino as contas do Clube e das empresas, numa base individual, mas não consolidada. A primeira apresentação pública aos sócios de contas consolidadas ocorreu no mandato e por iniciativa do Dr. Filipe Soares Franco.

3.2. Project Finance e acordo com a Banca: segundo documentos arquivados no Clube, as versões do Project Finance para a construção do Estádio e os compromissos essenciais do Acordo Global com a Banca, assinados no mandato de Dias da Cunha, encontravam-se em incumprimento em Outubro de 2005.

3.3. Deficit de Tesouraria em Outubro de 2005: confirma-se que à data da renúncia do Dr. Dias da Cunha, havia uma previsão de déficit de tesouraria consolidado, no final do exercício, de 16,7 milhões de euros, sem que a respectiva cobertura estivesse, por qualquer forma, assegurada.

3.4. Evolução do passivo financeiro consolidado: Em 31/07/2000, ano de entrada em funções do Dr. Dias da Cunha, o passivo financeiro consolidado do Sporting era de 69.787 milhões de euros. Em 31/07/2005, o passivo financeiro consolidado do Sporting era de 281.643 milhões de euros.

4. Entende ainda o Conselho Fiscal e Disciplinar reiterar a necessidade de alteração do rumo da estratégia financeira do Clube no sentido encetado pelo actual Conselho Directivo, e garantir aos sócios o cumprimento integral das funções estatutariamente cometidas a este Conselho Fiscal.

Lisboa, 8 de Abril de 2009

Conselho Fiscal e Disciplinar
Sporting Clube de Portugal

Sobre a pertinência deste comunicado, hoje mesmo o Leão de Verdade solicitará esclarecimentos ao Senhor Presidente do Conselho Fiscal e Disciplinar. Solicitará também ao Conselho Directivo o envio de todos os documentos que suportaram a apresentação de contas consolidadas realizada no presente mandato. Presumimos que não se tratará de um documento em formato Powerpoint comentado durante dois minutos numa Assembleia Geral do Clube.

Por fim, chamamos a atenção para o facto de cinco membros do actual Conselho Fiscal e Disciplinar terem sido eleitos (um deles então como suplente) para o mesmo órgão em Julho de 2002, nas listas do ex-presidente Dias da Cunha, tendo por isso competências de fiscalização aquando da não apresentação de contas consolidadas, do avolumar do passivo, do incumprimento do Project Finance e da verificação do alegado défice de tesouraria.

Tendo em conta que à época o Sporting trilharia um caminho “para o abismo”, como hoje afirma o Senhor Presidente do Conselho Fiscal e Disciplinar a um órgão de comunicação social, confiamos que o órgão de fiscalização então em funções tenha cumprido os seus deveres. Também sobre isso solicitaremos informação.

A verdade, essa maçada

8 de Abril de 2009 – 18:04

Está convocado o putsch. Não é em Munique - isso foi o outro -, mas na Sala Tejo do Pavilhão Atlântico, e começa pelas 20:00 do próximo dia 17 de Abril.

O programa das festas torna-se claro, depois de algum esforço para se chegar lá: trata-se de deliberar sobre um regime “transitório” que permita a realização de uma Assembleia Geral em que não se pode discutir - apenas votar -, a qual tem desde já uma ordem de trabalhos definida, que consiste em esbulhar o Sporting Clube de Portugal do que resta do seu património.

Ao longo dos próximos dias o Movimento Leão de Verdade terá ocasião para deixar a sua análise sobre as propostas que se avizinham, nos seus contornos e na sua oportunidade.

Para já, queremos sublinhar que, na sequência do “Apontamento Jurídico” que aqui fizémos no passado dia 20 de Março, sobre a maioria necessária para aprovação de alterações estatutárias, e que depois foi sendo divulgado por alguns órgãos de comunicação social, o próprio aviso convocatório da Assembleia Geral menciona o exacto requisito para o qual aqui alertámos.

Três quartos dos votos e três quartos dos presentes, ou então o putsch falha. São estas as regras do jogo, assim manda a Lei da República.

Sabemos que fomos incómodos. Que causámos comichão. Que a regra apanhou uns de surpresa, outros na ignorância, e por todos foi recebida como uma enorme maçada, porventura porque gostariam que o caminho tivesse menos obstáculos e quiçá porque a própria existência de regras que não as ditadas pela sua vontade lhes cause indisfarçável incómodo. Que lhes sirva para perceberem que o Leão de Verdade está aqui para a dizer bem alto - e vai continuar a lutar para que todos a conheçam.

A verdadeira maioria silenciosa

7 de Abril de 2009 – 19:31

O movimento Leão de Verdade marcou presença no último Congresso do Sporting. Entre o entusiasmo de uns e a desilusão de outros, prefiro caracterizar o último encontro de sportinguistas que teve lugar na bonita cidade de Santarém como absolutamente… previsível. Confesso que me sentia algo confuso perante as elevadas expectativas, ingénuas ou nem por isso, protagonizadas por algumas figuras do universo sportinguista, nomeadamente as que encontram os microfones semanalmente com maior facilidade. Alguns esperavam o aparecimento de fortes candidatos, outros o apontar de linhas de rumo fracturantes, outros ainda apostavam numa espécie de unanimismo que confesso nunca ter percebido como poderá ser benéfico para o futuro do Sporting Clube de Portugal.

Posto isto, na nossa perspectiva o Congresso correu como esperado. Imprevisível apenas talvez a boa organização do evento, mas tudo o resto bastante previsível. Foi como esperávamos um convívio de sócios do Sporting onde tivemos a possibilidade de ouvir alguns detalhes interessantes por parte do conselho directivo e funcionários actuais bem como pensar algumas ideias interessantes propostas pelos demais associados, mesmo que algumas delas incontornavelmente condenadas pelo pouco tempo e detalhe disponíveis à sua total compreensão. Tive a sorte de marcar presença na secção Futebol, a qual apesar de calma se destacou pela partilha por parte da SAD de um documento explicativo do seu modelo estratégico, que rendeu bastantes elogios a Miguel Ribeiro Telles, o qual entremeava a indesmentivelmente bem conseguida apresentação com algumas tiradas de estranho “calimerismo” para com a crítica permanente à actuação da sociedade que dirige. O pormenor que porventura escapa a Miguel Ribeiro Telles é o de que de nada vale ter um modelo estratégico interessante (que nos coloca, avisadamente, em linha com um Lyon ou Feyenoord) se este não é executado, nas questões fundamentais, com a qualidade que só pode decorrer de profissionais que realmente entendem o fenómeno que trabalham. O documento apresentado assim por Miguel Ribeiro Telles brilhou perante os demais, e brilharia também aos meus olhos se automaticamente não me viesse à memória tudo aquilo que coloca em causa a imagem de boa execução do plano por parte da SAD leonina nos últimos 10 anos, a maioria deles protagonizados por Miguel Ribeiro Telles: as eras Carlos Freitas, as escolhas de alguns treinadores, a comunicação externa nas suas diversas vertentes, o imperceptível critério de aquisições praticado, o flagelo disciplinar que marca o último decénio sportinguista, entre tantos outros pormenores que nos demonstram existir de facto uma diferença notória entre o Sporting e um qualquer Lyon, sem sequer referir já os títulos.

O outro lado do Congresso que me parece digno de realce é o de, mais uma vez, se ignorar a verdadeira maioria silenciosa do Sporting Clube de Portugal. José E. Bettencourt pareceu referir-se à mesma, no seu discurso de descarte, mas não era bem à verdadeira maioria silenciosa que ele se referiu no seu diálogo com os jornalistas. Também a imprensa, no dia seguinte ao congresso, referindo uma ovação de 2 minutos da maioria dos presentes no grande auditório, a pedido de Paulo Abreu através da sua moção, confundiu a maioria dos congressistas presentes com a verdadeira maioria sportinguista, que já não se pode dizer sequer representada pelos presentes, sejam eles a favor ou contra a linha de rumo que marca a história do Sporting Clube de Portugal do último decénio.

A verdadeira maioria silenciosa do Sporting Clube de Portugal, e aquela a quem uma eventual candidatura sportinguista devia apelar, é constituída não só por todos os adeptos que não sentem hoje a motivação suficiente a abraçarem o associativismo leonino, mas sobretudo pelos cerca de 75% de associados que abandonaram o clube ou seja, que deixaram de pagar as suas quotas nos últimos anos. É esta a verdadeira maioria silenciosa que o status quo vigente ignora ou não sabe cativar, sabendo nós que para cativar é necessário primeiro respeitar, e também aquela que qualquer candidatura de alternativa deve encarar como objectivo primordial, sob pena de seja qual for o rumo do Sporting dos próximos anos, definido pelos seus associados que ainda permanecem fiéis, o clube ser condenado a um definitivo definhar, o qual, possivelmente caracterizado com excessivo dramatismo por Dias da Cunha aos olhos de alguns, deve ser olhado com seriedade pelos demais, sobretudo tendo em conta os objectivos e estatuto que o Sporting Clube de Portugal já assumiu num passado não tão distante como possa parecer.

É esta a maioria silenciosa que a oligarquia vigente no último decénio deixou escapar e nunca compreendeu. E é também esta a maioria silenciosa que qualquer projecto alternativo de poder deve cativar. O sorriso de aparente troça de Filipe Soares Franco durante a fase de votação das diversas propostas a Congresso apenas me faz acreditar que não só o Conselho Directivo aparentemente cessante como qualquer derivação sucessória do mesmo apenas vão acentuar e engrossar a enorme maioria silenciosa, afastada apenas e só pela arrogância, distanciamento e incompreensão que a acção governativa do Sporting do projecto Roquette e seus sucedâneos protagonizou. É urgente e necessário surgir alguém que corporize o desejo de inverter esta tendência. Alguém que compreenda que o cash flow é importante mas que acima do mesmo e até dos títulos está a alegria e orgulho com que cada sportinguista deve sentir o desejo incontornável de regressar, semana após semana, ao Estádio e já agora Pavilhão José de Alvalade.

Saudações Leoninas,
Pedro da Cunha Ferreira
Sócio 9.576

Quando só ver já não chega

7 de Abril de 2009 – 19:07

Sempre fui do Sporting. Desde que me lembro que me foi incutido, principalmente pelo meu irmão mais velho e pelo meu primo, o amor por esta instituição centenária e o orgulho de pertencermos a algo diferente. Cresci com o Sporting como presença constante nas conversas, na televisão, no estádio. É uma referência da minha vida, como são família, amigos e carreira. Chorei com derrotas, vibrei com vitórias e vi, pela primeira vez na vida, o Sporting campeão abraçado aos meus irmãos. Mas sempre fui “ausente”, sempre fui um espectador. Sempre acreditei que o Sporting era tão forte, tão intemporal e que era vigiado tão de perto por todos quantos o amavam, que qualquer contributo meu seria desnecessário.

Vi chegar o Projecto, debruado a promessas de um “Sporting Shangri-La”, uma terra de leite e mel digna dum poema de Coleridge. A encabeçar este Projecto glorioso, que ofereceria ao Sporting campeonatos em catadupa, figuras de primeira grandeza no plantel e um orgulho redobrado em ser-se Sportinguista, vinham os melhores gestores da banca, profissionais do sector privado de nomeada e figuras eméritas da nossa praça, com nomes capaz de infundir respeito a todos. Com o Projecto, vi, por “troca” com a construção do novo Estádio e da Academia, duas infraestruturas da sua lavra e de que todos nós, Sportinguistas, nos podemos orgulhar, erros acumulados, deficiente gestão de activos, jogadores contratados a peso de ouro,sem proveito ou sequer retorno para o Sporting e resultados desportivos a oscilarem entre o aceitável e o medíocre, tudo isto sob a égide duma oligarquia que se ia revezando em posições diferentes, cooptando-se sucessivamente e aproveitando as recém formadas estruturas societárias do Clube para, em boa verdade, nele permanecerem, apesar de parecer que saiam.

Vi paulatinamente desaparecer do Sporting a liberdade de expressão, com censuras em AG´s, vi a Direcção do Sporting construir uma torre de marfim que a afastou cada vez mais do coração vivo do Clube que são os seus adeptos, e vi por fim chegar um presidente que se trancou nessa torre e decidiu conduzir, sem nós, os destinos do Clube.

Nunca pensei ouvir um presidente do meu Clube dizer que não me queria como Sócio. Que não queria NINGUÉM como Sócio. Nunca pensei ouvir um presidente do meu Clube fazer tábua rasa de figuras como Moniz Pereira, Joaquim Agostinho, Carlos Lopes, ao dizer que não lhe interessam as modalidades e que o ecletismo, que foi pedra de toque dum Sporting com mais de 100 anos, só se justifica na medida em que gere dinheiro. Nunca pensei ver o património do Clube vendido ao desbarato e propor-se que o Sporting Clube de Portugal não fosse accionista maioritário na sua própria SAD. E nunca pensei ver uma Direcção tentar mudar os estatutos por forma a declaradamente tirar poder de voto aos Sócios.

Nunca pensei ver o dia em que o Sporting como existe desaparecer fosse sequer uma possibilidade.

Por estar a ver muita coisa que nunca pensei ver, decidi deixar de ser um espectador, e, numa pequena medida, ir falando do que ia descobrindo, ir dando voz à minha indignação. Nesta caminhada, descobri o Leão de Verdade. Tomei conhecimento deste movimento quase na sua génese. Acompanhei-o enquanto pessoas que por ele acordavam mais cedo e se deitavam mais tarde eram criticadas em jornais por elementos da Direcção do Clube. Vi alguém dentro do Clube dar informação sobre eles aos jornais numa tentativa de os descredibilizar. Vi Sportinguistas, amigos, com custos pessoais e financeiros, recolherem assinaturas à porta do SEU Estádio, e vi-os ameaçados por isso. E aí pensei: “Pode mesmo haver tanto fumo sem fogo?”

E vi que não. Com o Leão de Verdade tenho descoberto, como no livro de Carroll, quão fundo vai o buraco, e as manobras que quem dirige hoje o nosso Clube executa. Manobras de fito incerto, mas com lesado certo: o Sporting Clube de Portugal.

A corroborar o retrato do Clube que fui desvelando, a realidade. A apatia e atavismo com que a Direcção encara o futebol, a degradação do prestígio europeu do Clube, as querelas de balneário, o sentimento geral de desnorte do meu Clube.

Porque ver já não me chega, aceitei o gracioso convite que o LdV me dirigiu para juntar a minha voz à luta, para ser mais um que quer, com o seu trabalho, ajudar o Clube que ama, e sensibilizar e informar todos os Sportinguistas sobre o que nele se passa, para que, todos juntos, possamos elevar novamente o SCP ao seu justo lugar. Com honestidade. Com transparência. Com verdade. Como deve ser o Sporting.

Aceitei, com humildade, mas também orgulho, colaborar com o Leão de Verdade. A todos os meus companheiros deste movimento, agradeço desde já a força inquebrantável que têm mostrado na defesa intransigente dos interesses do Sporting Clube de Portugal, sempre com exemplar respeito pelas regras legais e estatutárias que o regem e sempre sem se desviarem da correcção, lealdade e honestidade que devem pautar qualquer Sportinguista.

Orgulho-me de me juntar a este movimento feito de pessoas esclarecidas, sem pretensões e sem segundas intenções que não a de ajudar o Clube neste seu momento de dificuldade histórica. Orgulho-me de juntar esforços a pessoas que considero de capital importância numa finalidade de participação esclarecida, verdadeira e pertinente na vida do Sporting Clube de Portugal.

Um a Um nos fazemos muitos, e não deixaremos de levar a nossa luta pelo bem do Sporting à porta de quem lhe quer mal. Nem que essa porta seja a do Edifício do Visconde.

Recomendação ao VIII Congresso: Sporting - Unidade e Solidariedade

31 de Março de 2009 – 2:52

Toda a modalidade desportiva profissional está sujeita a ciclos exógenos e endógenos. Os primeiros são marcados pela conjuntura económica, influenciando a forma como são geradas as receitas. Os segundos resultam da variabilidade do sucesso desportivo.

Ora em qualquer actividade, a diversificação permite dirimir o risco e tornar menos variável o ambiente de gestão. Foi essa diversidade (ecletismo) que permitiu manter o estatuto do Sporting Clube de Portugal enquanto associação desportiva durante as décadas de 80 e 90, apesar do insucesso verificado na modalidade mais popular – o futebol. Inversamente, nos últimos anos, verificou-se um gravíssimo afastamento dos Sócios e adeptos, e consequentemente das receitas potenciais de quotização, bilheteira e merchandising.

O ecletismo deve ser assumido como essencial para a grandeza do Clube, em respeito pela sua história e como forma de garantir níveis relevantes de receitas da forma mais independente possível dos ciclos económicos e desportivos.

É no entanto notório que várias modalidades não são capazes de se auto-sustentar, pelo menos de forma consistente e directa. Mas, indirectamente, são elas que corporizam muito do que foi e é o Sporting e a sua marca.

Porém a marca Sporting está hoje desgastada, facto que se repercute no número reduzidíssimo de Sócios efectivos pagantes. E mais do que Sócios, modalidades ou património, nestes últimos anos perdeu-se parte da alegria e orgulho em ser do Sporting. Os Sócios estão distantes e desinteressados. Perderam as tardes de desporto e convívio em Alvalade, o discurso tornou-se demasiado comercial e financeiro. Os Sócios tornaram-se clientes ora do Clube, ora da SAD.

Acontece que as decisões (leia-se despesas) dos Sócios são em grande medida irracionais do ponto de vista económico. Quando estes passam a ser clientes, passam também a tomar decisões racionais do ponto de vista económico. Um exemplo simples de apontar são as muitas Gamebox adepto adquiridas por ex-Sócios.

Há que garantir que os Sócios são sempre tratados como tal, e nunca como clientes, por uma questão de genética associativa, mas também para maximizar as receitas.

Assumindo então um Clube de Sócios, e aceitando que algumas modalidades são deficitárias, há que garantir que o Clube como um todo é viável. Importa apurar as receitas que o Clube gera (incluindo futebol), e decidir quanto alocar a cada modalidade.

É portanto fundamental definir a Unidade e Solidariedade do Sporting como base de qualquer estratégia de futuro. Quando a SAD precisou do Clube, o Clube salvou a SAD. Quando o Clube precisar da SAD, esta terá de estar totalmente disponível – sem quaisquer restrições!

Vender acções da SAD é uma forma de criar restrições, alimentar interesses terceiros, e roubar ao Clube as receitas extraordinárias cíclicas que são geradas pelo futebol – necessárias às sustentabilidade do Clube como um todo e ao abatimento do passivo.

Deverá portanto optar-se pela total recusa da emissão de VMOCs como solução financeira do Clube, devendo ser pensada, se algum dia se revelar possível, a recompra das acções em bolsa, com as seguintes condições:

- Recompra, a 5 euros, das acções ainda detidas pelos Sócios que participaram na primeira oferta pública (quota suplementar)

- Recompra a valor de bolsa ou ao valor nominal das restantes acções no mercado

- Criação de clausulas estatutárias que obriguem a SAD ao mesmo tipo de divulgação de informação pública a que está hoje obrigada

Como alternativa deverá promover-se uma operação que alivie a tesouraria do Clube. Duas opções a considerar:

- Emissão de empréstimo obrigacionista, remunerado à taxa fixa de 3%, com prazo de 3/4 anos

- Criação de um fundo, remunerado à taxa fixa de 3%, usado para comprar dívida do Clube à banca. O fundo seria criado com remuneração garantida e não teria prazo de vencimento definido. Deverá ser garantida alguma liquidez às unidades de participação

Num período de 3 anos esta operação, num montante de cerca de 40 M.€, permitiria:

- Poupar entre 0,5 e 1,1 M.€ em juros, face a um juro bancário de 3,5% ou 4,0%, ou mais em caso de subida repentina das taxas de juro

- Desafogar a tesouraria num montante superior a 10 M.€, devendo garantir-se que a maior parte deste valor é usado para redução do restante passivo bancário

- Envolver Sócios e Adeptos numa solução não fracturante, sem venda da SAD, e remunerando o investimento

- Remunerar parte do juros em serviços Sporting, tentando aproveitar um possível efeito fiscal

O investimento seria por exemplo de apenas 1.000 €, para 40.000 investidores (Sócios ou adeptos).

Face ao exposto, recomenda-se:

1) Assumir o ecletismo como forma de garantir a grandeza do Sporting e receitas indirectas, desde que exista Unidade e Solidariedade no Clube

2) Manter sempre a relação com os adeptos na vertente “Sócio”, e nunca como “Cliente”

3) Recusar a alienação de qualquer participação adicional na Sporting SAD

4) Que seja estudada uma operação financeira que alivie a tesouraria do Sporting, desde que seja evitado o aumento das despesas correntes

Recomendação ao VIII Congresso: Novo paradigma para o SCP

25 de Março de 2009 – 11:30

O Sporting Clube de Portugal é uma instituição centenária, de utilidade pública. Esta instituição que hoje todos amamos tornou-se, ao longo dos tempos, num símbolo de glória que nos honra. E se aqui chegou foi apenas graças ao Esforço, Dedicação e Glória de todos os seus simpatizantes e apoiantes, mas sobretudo, dos sócios que constituem e fazem o nosso Clube.

O Sporting Clube de Portugal é um Clube de sócios! É com o intuito final de garantir o património afectivo, social e desportivo que angariou, e continua a angariar há mais de 100 anos, que este Clube deve existir.

Assistimos nos últimos anos, desde 1996, a um progressivo afastamento a estes Valores, quando adoptámos o paradigma de gestão do Clube/empresa.

À distância de 13 anos podemos, devemos e temos a obrigação de fazer balanços e tirar conclusões. E à primeira vista os resultados não são brilhantes. Embora com um património desportivo invejável - Estádio e Academia - temos um Passivo que nos amarra e não desce por muito património que já se vendeu, uma equipa de futebol longe dos sucessos prometidos, um grupo empresarial que mais que nunca está dependente da «bola na trave» e que igualmente acumula prejuízos e negócios ruinosos, o Eclectismo que desapareceu, junto com o Pavilhão adiado para sempre…

E não acaba aqui, pois a proposta que temos em cima da mesa para perder a maioria na SAD com a emissão dos Vmoc’s, juntamente com a passagem da Academia para fora do Clube, acabará por dar o golpe de misericórdia num projecto associativo. Não se enganem. Não nos enganem: o Sporting Clube de Portugal morrerá!

As soluções para o futuro começam por se perceber o que aconteceu no passado recente. Para que se trilhem novos caminhos, com base em novos paradigmas e se aprenda com os erros.

Vivemos num tempo de dificuldades e incertezas. Mais uma razão para nos agarrarmos ao que de mais certo e seguro temos: os sócios.

O Futuro do Sporting Clube de Portugal passa por aquilo que o fez nascer: os seus sócios. Mais sócios, muitos mais sócios, mais modalidades, que trarão mais sócios, mais empenho dos dirigentes, que trarão mais sócios.

Mas também maior rigor na gestão, maior controlo nos custos para que sócios sejam mais bem servidos e se revejam no seu Clube.

E nunca, deixar que o poder saia das AG’s. Por respeito aos sócios, mas principalmente para salvar este Clube que tanto amamos.

Face ao acima exposto recomenda-se:

  1. Gestão do Clube seja focada no sócio.

  2. Aumentar o número de sócios com o objectivo de 100.000 pagantes.

  3. Criação de um Livro Branco com a evolução financeira e patrimonial do Grupo Sporting, desde 1996 e com apresentação de contas consolidadas.

  4. Manter a posição na SAD e rejeitar a emissão dos Vmoc’s.

  5. Conservar e rentabilizar o património que nos resta: Estádio e Academia.

  6. Revitalizar as Modalidades e construir um Pavilhão o mais perto do Estádio possível.

Apontamento Jurídico

Ao longo do dia e a propósito do putsch estatutário anunciado pelo Conselho Directivo, têm-se multiplicado as referências à fasquia de «75% dos votos» como sendo a maioria necessária à aprovação da alteração que se prepara.

Para que Goebbels não continue a ditar lei na opinião leonina, o Movimento Leão de Verdade informa todos os cidadãos sportinguistas do seguinte:

- Nos termos do art. 175º, nº 2 do Código Civil, «As deliberações sobre alterações dos estatutos exigem o voto favorável de três quartos DO NÚMERO dos associados presentes» (maiúsculas nossas);

- Esta é uma norma imperativa, que se aplica obrigatoriamente a todas as associações, como maioria deliberativa mínima em matéria de alterações estatutárias;

- Nos termos do art. 70º dos Estatutos do SCP, «As deliberações sobre alterações dos estatutos exigem a maioria qualificada de, pelo menos, três quartos DOS VOTOS dos associados presentes» (maiúsculas nossas);

- A correcta conjugação das duas normas citadas significa que, no SCP, as deliberações sobre alterações dos estatutos só se consideram aprovadas se 1) reunirem o voto favorável de três quartos DO NÚMERO de sócios presentes na Assembleia Geral (assim satisfazendo a exigência legal do art. 175º, nº 2 do Código Civil) E  2) se esses votantes representarem três quartos DOS VOTOS dos sócios presentes (assim satisfazendo a exigência estatutária do art. 70º dos Estatutos do Clube);

- Assim, se na Assembleia Geral em causa estiverem presentes, por hipótese, 1000 sócios, representando um universo de 10.000 votos, a alteração estatutária apenas será aprovada se recolher o voto de pelo menos 750 sócios, que simultaneamente perfaçam pelo menos 7.500 votos.

- O Movimento Leão de Verdade coloca-se à disposição de todos quantos pretendam obter mais esclarecimentos sobre esta matéria.

Não Passarão!

Imaginem um país, governado por um primeiro-ministro.

Este tenta aprovar uma medida que exige o voto favorável de 2/3 da assembleia. A medida é rejeitada.

Mas o primeiro-ministro não se conforma com o veredicto da assembleia soberana. E meses depois, ao mesmo tempo que revela que não irá recandidatar-se, informa que, ainda que sem a aprovação necessária e contra a anterior decisão da assembleia, tomou a medida à mesma. Mais: tomou-a em termos tais que se a assembleia não vier a aprová-la a posteriori, o país ficará num grande sarilho, obrigado a pagar de imediato a totalidade da sua dívida externa.

O primeiro-ministro vai mais longe. Umas semanas depois deste anúncio e a apenas dois meses do fim do seu mandato, apresenta uma proposta de revisão da constituição. A alteração é só uma: que a medida em causa deixe de estar sujeita a aprovação da assembleia e possa ser referendada sem qualquer discussão prévia. E anuncia de imediato que, em caso de aprovação, o referendo terá lugar logo duas semanas depois.

O que se diria deste primeiro-ministro? Deste responsável que ignora deliberações da assembleia que rege o seu país, que desconsidera minorias, que toma medidas desrespeitando a constituição, que ensaia alterações constitucionais ad hoc para levar a sua avante e que, num momento em que a legitimidade se lhe esgota, tenta comprometer irremediavelmente os seus sucessores e o próprio país?

Este país, meus amigos, é o Sporting Clube de Portugal. Este primeiro-ministro é Filipe Soares Franco. E os cidadãos, aqueles que podem pôr cobro a este estado de coisas, somos nós, todos nós, sócios do Sporting Clube de Portugal.

Chegou o momento. O momento em que se tenta colocar a primeira pedra do «Clube sem sócios mas com adeptos que não se intrometam na gestão nem tenham voto nas eleições dos órgãos sociais» - que é ao mesmo tempo a última pedra da sepultura do Clube que ao longo de mais de um século se ergueu como «unidade indivisível constituída pela totalidade dos seus associados».

Chegou o momento. O momento de dizer “Não!”, “Basta!”, de virar a página, de analisar o passado, avaliar o presente e de uma vez por todas olhar o futuro nos olhos, sem receio nem temor.

O filósofo irlandês Edmund Burke disse um dia que «Tudo o que é necessário para que o Mal triunfe é que os homens bons não façam nada». É pois a hora de cada Sportinguista ser mais Esforçado, Dedicado e Devotado do que nunca na defesa do seu, do nosso Clube. E a Glória é que, no fim da luta, ele continue a ser nosso.

Sempre e cada vez mais ao serviço e na defesa da Cidadania Sportinguista, o Movimento Leão de Verdade não vai faltar à chamada. No respeito pelas regras e pelas instituições que é seu timbre, tudo fará para pôr a nu este assalto final ao associativismo e para impedir que ele triunfe.

Todos juntos, conseguiremos. Pelo Sporting, «Não Passarão!».