Caros Sportinguistas,

No jornal “Record” de hoje publica-se uma peça alusiva à situação associativa de três elementos do Leão de Verdade. O rigor impede-nos de lhe chamar “notícia”, pois o substrato informativo é nulo e, pelo contrário, as intenções malévolas são evidentes. Passamos a responder:

O Movimento Leão de Verdade não tem qualquer relação institucional com os órgãos sociais do Sporting Clube de Portugal.

Nos termos dos Estatutos do Clube, são os sócios, individualmente considerados, os detentores de direitos – nomeadamente o de solicitar informações e apresentar sugestões. Na estrita observância destas normas e no exercício dos direitos que lhes assistem - e sem sombra do “destaque” que a peça lhes atribui -, os visados têm encetado esforços no sentido de obter esclarecimentos sobre diversas questões relativas à gestão do Clube, dirigindo cartas aos órgãos sociais competentes em cada matéria, e recebendo respostas que infelizmente não têm dado cumprimento àqueles direitos (assunto do qual oportunamente se dará conta).

A este respeito, esclarecemos que o pagamento de quotas em atraso é uma figura prevista estatutariamente (e que dá lugar à recuperação da numeração e antiguidade e à plena posse de todos os direitos associativos) e que os pedidos de informações aos órgãos sociais podem ser formulados por qualquer sócio efectivo, independentemente da sua antiguidade.

A identidade, número de sócio e situação associativa dos visados constituem informação reservada e que respeita apenas e só à sua relação com o Sporting Clube de Portugal. Tendo em conta que os visados a não forneceram a qualquer jornalista, é inevitável a conclusão de que tal informação foi facultada por alguém dentro do Clube – o que é por si só lamentável e justificará reacção na sede própria.

Mais lamentável ainda é constatar-se que, às comunicações dirigidas aos órgãos sociais, estes responderam, pela via “oficial”, de forma cordata e sem questionarem a legitimidade dos visados, apenas para que a reacção “oficiosa” surgisse na imprensa, revelando informação reservada e procurando atingir a credibilidade de sócios que actuam no exercício dos seus direitos.

Registamos como sintomático que, a questões colocadas de forma rigorosa sobre realidades concretas da gestão do Sporting Clube de Portugal, se prefira responder pondo em causa o Sportinguismo de quem questiona, em lugar de abordar o objecto das questões.

O Leão de Verdade nasceu, vive e viverá como Movimento de Cidadania. É sua vocação congregar todos os que fazem parte da comunidade afectiva que é o Sporting Clube de Portugal, sejam eles simpatizantes, adeptos, atletas, sócios recém-filiados ou cinquentenários, quaisquer que sejam as vicissitudes da sua relação com o Clube.

Não possui qualquer “espécie de comissão” organizada e é inteiramente aberto à participação de todo e qualquer Sportinguista nas suas actividades, participação esta que tem reflectido a diversidade de formas como os Sportinguistas se relacionam com o seu Clube, fazendo parte do Movimento desde sócios com décadas de filiação a simples adeptos.

A decisão de ser ou deixar de ser sócio e de pagar ou deixar de pagar quotas depende de diversos factores, todos eles do domínio estritamente pessoal de cada Sportinguista, razão por que toda e qualquer decisão nessa matéria deve ser escrupulosamente respeitada. O Leão de Verdade guarda esse escrúpulo, ainda que quem de direito o não faça.

Nunca usaremos a falta de pagamento de quotas ou o número de sócio como argumento de discussão ou para questionar o Sportinguismo de quem quer que seja – e que fácil seria enveredar por esse caminho, atento o historial associativo de alguns dos mais altos dirigentes do nosso Clube. Pelo mesmo motivo, também não admitiremos que o Sportinguismo dos membros do Leão de Verdade seja posto em causa dessa forma.

Num momento em que decorre uma campanha de angariação de novos sócios, e sabendo-se estar para breve um perdão de quotas destinado a recuperar sócios não pagantes, a peça a que se responde, estribada em informação necessariamente fornecida pela estrutura do Clube, constitui uma desconsideração e um insulto a todos os novos sócios que pretendam filiar-se e àqueles que, tendo optado por deixar de pagar quotas ou, porventura, atravessado dificuldades económicas que os impedissem de o fazer, queiram agora regularizar a sua situação, resultando desde já evidente haver quem considere que tais sócios estarão, à partida, diminuídos no seu direito de escrutínio e na sua liberdade de opinião.

A peça a que se responde é bem o retrato do clima de condicionamento da opinião e sua expressão que alastra no Sporting Clube de Portugal, realidade que, apesar de só agora se ter tornado publicamente evidente, é por nós há muito conhecida e experimentada, e é também do conhecimento dos Sportinguistas, que não terão dificuldade em identificar os mecanismos, as cumplicidades e até os protagonistas que estão na origem do presente episódio.

Sem falsas modéstias, o Leão de Verdade tem noção de que é uma das mais importantes manifestações de vitalidade associativa na história recente do Sporting Clube de Portugal, com tudo o que isso tem de incómodo para quem neste período vem exercendo o poder de forma majestática e se desabituou de ser questionado e de conviver com a diversidade de opinião.

Não nos atemorizamos com golpes baixos e prosseguiremos com todas as iniciativas planeadas, em obediência a uma reflexão amadurecida sobre o passado, o presente e o futuro do Sporting Clube de Portugal. Firme no seu caminho e determinado contra o unanimismo e a repressão do pensamento, o Leão de Verdade apela à participação de todos os Sportinguistas que igualmente não se resignam perante este estado de coisas, convidando-os a assinar o requerimento para convocação da Assembleia Geral Extraordinária e a, com o seu nome, darem cada vez mais força à vontade de mudança.