Afinal havia contas

9 de Abril de 2009 – 8:34

O Conselho Fiscal e Disciplinar do Sporting Clube de Portugal, no exercício de competência que os Estatutos não lhe reconhecem - porventura uma qualquer competência “transitória”, adequada ao momento de “suspensão democrática” que o Clube parece viver -, emitiu uma resposta a afirmações do ex-presidente Dias da Cunha sobre o actual presidente Soares Franco:

Comunicado do Conselho Fiscal e Disciplinar do Sporting Clube de Portugal

A propósito das recentes afirmações à comunicação social do ex Presidente Dr. Dias da Cunha sobre a situação do Clube, o Conselho Fiscal e Disciplinar do Sporting Clube de Portugal vem:

1 - Expressar a sua total solidariedade com o Presidente do Conselho Directivo, Dr. Filipe Soares Franco;

2 - Repudiar os termos e o conteúdo das afirmações do ex-Presidente, e

3 - Esclarecer os seguintes factos:

3.1. Contas consolidadas: Ao longo do seu mandato e por diversas vezes, o Dr. Dias da Cunha prometeu publicamente a apresentação das contas consolidadas do Clube. Nunca o fez, tendo-se limitado a, em 2005, apresentar ao Conselho Leonino as contas do Clube e das empresas, numa base individual, mas não consolidada. A primeira apresentação pública aos sócios de contas consolidadas ocorreu no mandato e por iniciativa do Dr. Filipe Soares Franco.

3.2. Project Finance e acordo com a Banca: segundo documentos arquivados no Clube, as versões do Project Finance para a construção do Estádio e os compromissos essenciais do Acordo Global com a Banca, assinados no mandato de Dias da Cunha, encontravam-se em incumprimento em Outubro de 2005.

3.3. Deficit de Tesouraria em Outubro de 2005: confirma-se que à data da renúncia do Dr. Dias da Cunha, havia uma previsão de déficit de tesouraria consolidado, no final do exercício, de 16,7 milhões de euros, sem que a respectiva cobertura estivesse, por qualquer forma, assegurada.

3.4. Evolução do passivo financeiro consolidado: Em 31/07/2000, ano de entrada em funções do Dr. Dias da Cunha, o passivo financeiro consolidado do Sporting era de 69.787 milhões de euros. Em 31/07/2005, o passivo financeiro consolidado do Sporting era de 281.643 milhões de euros.

4. Entende ainda o Conselho Fiscal e Disciplinar reiterar a necessidade de alteração do rumo da estratégia financeira do Clube no sentido encetado pelo actual Conselho Directivo, e garantir aos sócios o cumprimento integral das funções estatutariamente cometidas a este Conselho Fiscal.

Lisboa, 8 de Abril de 2009

Conselho Fiscal e Disciplinar
Sporting Clube de Portugal

Sobre a pertinência deste comunicado, hoje mesmo o Leão de Verdade solicitará esclarecimentos ao Senhor Presidente do Conselho Fiscal e Disciplinar. Solicitará também ao Conselho Directivo o envio de todos os documentos que suportaram a apresentação de contas consolidadas realizada no presente mandato. Presumimos que não se tratará de um documento em formato Powerpoint comentado durante dois minutos numa Assembleia Geral do Clube.

Por fim, chamamos a atenção para o facto de cinco membros do actual Conselho Fiscal e Disciplinar terem sido eleitos (um deles então como suplente) para o mesmo órgão em Julho de 2002, nas listas do ex-presidente Dias da Cunha, tendo por isso competências de fiscalização aquando da não apresentação de contas consolidadas, do avolumar do passivo, do incumprimento do Project Finance e da verificação do alegado défice de tesouraria.

Tendo em conta que à época o Sporting trilharia um caminho “para o abismo”, como hoje afirma o Senhor Presidente do Conselho Fiscal e Disciplinar a um órgão de comunicação social, confiamos que o órgão de fiscalização então em funções tenha cumprido os seus deveres. Também sobre isso solicitaremos informação.

10 Comentários

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  1. 1

    Cumpre ainda relembrar que, na altura em que o SCP ia para o Inferno na barca de Caronte capitaneada por Dias da Cunha, conforme pinta este “comunicado”, Filipe Soares Franco era o Delfim de Dias da Cunha e Vice Presidente do Sporting, pelo que, das duas uma:

    1. Ou pactuou placidamente com esta gestão danosa do SCP que tenta agora desesperadamente reverter, caso em que se lhe deveria perguntar “Porquê?”; ou

    2. Entre a verdade e o comunicado aqui citado alguma distância haverá.

    Ficam as interrogações.

    Comentário por JL a 9 de Abril de 2009 @ 8:53

  2. 2

    As contas foram ontem no record muito bem explicadas pelo presidente do conselho fiscal na entrevista que deu no jornal record por isso se algum socio tiver duvidas que desminta o presidente do conselho fiscal que por acaso tambem era no tempo de dias da cunha portanto começa a chegar a altura de dizer que o unico que tem falado verdade aos socios e SOARES FRANCO!

    Comentário por anonimo a 10 de Abril de 2009 @ 20:30

  3. 3

    “o unico que tem falado verdade aos socios e SOARES FRANCO”
    Impressionante que alguém tenha o desplante de escrever isto!!!!!!!!

    Comentário por Joaquim Agostinho a 11 de Abril de 2009 @ 6:43

  4. 4

    Esse do conselho fiscal que agora diz que no tempo do DCunha estava tudo mal é o mesmo que nesse tempo tb era do conselho fiscal e dizia que estava tudo bem, não é?

    Comentário por Ricardo a 12 de Abril de 2009 @ 21:44

  5. 5

    Como estou certo viram o que acabei de ver, ficamos todos esclarecidos quem fala verdade.
    Mais, ficamos agora esclarecidos (eu já estava, pois esse é um cancro de há muito) que a turba contestatária de agora, é a mesma do tempo de Dias da Cunha e, pior, é gente sem fair-play, com propostas de práticas que não honram o clube, naquilo que foi o único ponto de acordo entre FSF e DC, afirmado pelo próprio Dias da Cunha.
    Se contestarem a direcção, já sabem qual é a classificação que Dias da Cunha vos aplica.
    Confesso que tive desgosto por ver que tive um Presidente que de contas percebe tanto ou menos do que eu (pelo menos sei o que é um Balancete, um Balanço e o que são Resultados).
    Talvez fosse bom começarem a apoiar o clube e a direcção, que ser do contra. Já cansa.
    Já agora, FSF já afirmou que quem vier a ser eleito será o seu Presidente, o que tem subjacente que a não vai criticar na Praça Pública.
    Desde há muitos anos que o Sporting e os grupelhos não respeitam o Presidente e o expôem na Praça Pública, o que significa expor o Sporting.
    O disco está riscado, mudem lá de música.
    Saudações leoninas.

    Comentário por Lyoncorner a 12 de Abril de 2009 @ 23:29

  6. 6

    Soares Franco também afirmou uma série de coisas que a realidade tem desmentido. Vai continuar a dar-lhe o cheque em branco?

    Comentário por JL a 13 de Abril de 2009 @ 4:15

  7. 7

    Caro JL

    Talvez seja dificil para si entender isto, mas eu dou um cheque em branco a todos os Presidentes do clube, seja ele qual for, porque é o meu Presidente, o Presidente do meu clube.
    Sempre o fiz e sempre o farei.
    Se olhar para os clubes que têm sucesso e para aqueles que o não têm, depressa concluirá que onde há estabilidade, onde as direcções não se desgastam em querelas estéreis, o sucesso é maior.
    A instabilidade no Sporting não vem das direcções de Dias da Cunha e de Filipe Soares Franco, é anterior, e encontra fundamento em sócios que acham sempre que está tudo mal e que as direcções são um covil de ladrões e de aproveitadores. Só fico na dúvida se o dizem porque seria esse o seu comportamento se tivessem um dia o lugar.
    Não concordo com FSF em tudo, o que é natural. Mas ele é o Presidente do Clube, logo é o meu Presidente, não é meu inimigo.
    Como Paulo Bento muito bem diz: gastem as energias a assobiar o adversário e o árbitro, não o gastem a assobiar a própria equipa. Mas isso é o que os adversários fazem, como nós somos diferentes fazemos ao contrário que é para os jornais falarem de nós, não é?
    Como DdC afirma: é uma questão de cultura democrática, a que acrescento falta de cultura sportinguista, apesar de se apresentarem como paladinos dela.
    Saudações leoninas

    Comentário por lyoncorner a 13 de Abril de 2009 @ 8:41

  8. 8

    Caro Lyoncorner,

    Por definição sou avesso a servilismos, sejam eles em nome do que for, portanto, vejo cheques em branco a pessoas com alguma dificuldade, sim. Não deixo que na minha cabeça se confundam cargos transitoriamente exercidos por alguém com a Instituição que propicia esses cargos.

    Com maior dificuldade ainda vejo cheques em branco passados a quem já demonstrou não estar à altura deles.

    Para mim, existe o Sporting, o FSF é uma pessoa que lá está. Tributo-lhe mais ou menos consideração e apreço consoante o melhor ou pior serviço que preste ao Sporting. Como o serviço que presta é dos piores, não tem o meu apoio, o meu apreço, por não considerar que o Sporting beneficie do seu exercício do cargo. Simple as that.

    Quanto à sua opinião de que onde há estabilidade, há mais sucesso, algumas notas:

    1. Onde há património bem gerido, transparência na gestão e respeito pelos Sócios também há mais sucesso.

    2. Onde há o que refiro acima, há estabilidade.

    3. Se para si são “querelas estéreis” questões como o acesso dos Sócios às contas do Clube, alienações de património do Clube com chorudas comissões pagas a desconhecidos ou mesmo a alteração da Lei Fundamental do Clube para ajudar a aprovar uma medida que já foi chumbada, eliminando en passant a discussão em AG, então percebo o seu cheque em branco.

    Não condeno quem acha que deve “lealdade” ao Presidente por ele ser Presidente do Sporting. Mas eu sou diferente. Sou leal ao Sporting, e leal ao seu Presidente sou por extensão, na justa medida em que ele sirva os interesses do Sporting.

    Se não serve, não o quero lá.

    Saudações Leoninas

    Comentário por JL a 13 de Abril de 2009 @ 9:48

  9. 9

    Caro JL

    Primeiro que tudo quero agradecer-lhe a forma educada como responde, o que não é normal nestes blogs.
    Podemos não concordar, mas conversando, expondo as nossas razões, não nos permitimos abandonar a visão monolitica da coisa, pois passamos a ter uma segunda (e terceira e quarta, etc) visão, como conhecemos melhor o outro e a desconfiança sobre ele diminui.
    Afinal, é tão fácil que me espanto como nos blogs passam a vida a insultar-se uns aos outros, até dentro do mesmo clube.
    Podemos aqui e ali ser mais incisivos, mas nunca sem ultrapassar os limites da boa educação e respeitando sempre o outro.
    E não termos ideias comuns não é um drama. Drama era não ter ideias. A conversar podemos ainda assim não chegar a consenso, mas de certeza percebemos que os outros caminham a nosso lado.
    Depois deste já longo intróito, permita-me responder às suas questões.
    1. Servilismo. Não pertenço ao clube dos que dizem que vivem o clube desde que nasceu, como não pertenço ao clube dos que já eram democratas desde que nasceram, no período anterior ao 24 de Abril. Na verdade, acompanho de forma mais consciente o clube desde os meus 14 anos, o que significa que são já 37 os anos que conheço do Sporting. Agora faça-lhe as contas.
    Não me leve a mal mas o conceito de servilismo é usualmente usado numa fase jovem, de afirmação pessoal, onde colocamos tudo em causa e estamos convencidos que sabemos tudo. O tempo irá encarregar-se de fazer modificar essa ideia (eu também já a tive, naturalmente) e perceber que servilismo é uma coisa (pois aí não há respeito por nós próprios) e respeito pelos cargos que as pessoas transitóriamente ocupam é outra coisa. O servilismo é um sentimento abjecto, mas o respeito pelos cargos é digno de carácter. Se tem um emprego, tem um chefe que pode fazer muitas asneiras, mas deve respeitá-lo e às suas ordens. Isso não é servilismo e como se usa dizer, não lhe caiem os parentes na lama.
    Quando o chefe da família faz uma coisa, podemos achar que é uma tremenda asneira, mas devemos respeitar, e isso não é servilismo.
    Transitóriamente, FSF é o chefe da família leonina e, a todos nós cabe apoiá-lo, como nos cabe apoiar o próximo Presidente, dentro de um velho princípio: “Le roi est mort, vive le Roi”.
    Levou o cheque em branco demasiado à letra e isso trouxe-lhe constrangimento. O cheque em branco é para mim o apoio total. A crítica tem locais próprios para ser produzida e, sempre com respeito, devemos manifestar a nossa opinião, mas nunca com uma pedra na mão. Posso discordar do meu Presidente, mas ele também é meu companheiro de rumo, não é meu inimigo. E o que noto há muito é uma agressividade com todas as direcções que ultrapassa em muito a simples diferença de opinião, passando mesmo para o campo da ofensa pessoal, quase a roçar o ódio. E isso eu não aceito, nem compreendo.
    2. Falou que mede o Presidente pelo Serviço ao Sporting. Correcto. Mas não deve deixar de se questionar: e eu? o que fiz pelo Sporting? Por certo não está a contabilizar estes ataques, que longe de serem um serviço ao Sporting, são um serviço aos nossos mais directos rivais. Lembre-se que o “Sininho” alertava Peter Pan, apontava-lhe o caminho mas de forma calma e suave, não era a sirene da Lisnave, a apitar com estrondo mas sem indicar caminho algum, só apontando defeitos.
    E é isso que todos devemos questionar a nós próprios: o que fizemos pelo Sporting?
    3. “Onde há património bem gerido, transparência na gestão e respeito pelos Sócios também há mais sucesso.”
    Bastaria lançar um olhar à política, para perceber que a sucessão nos cargos, não se mede apenas pelos actos praticados, tem muito a ver com as heranças. O meu caro já não é dos tempos do apertar do cinto de Mário Soares, fruto do desbaratar do erário público pelos seus antecedentes, senão perceberia que os actos de FSF estarão sempre condicionados pelo passado, como os que lhe seguirão o estarão em relação aos seus precedentes.
    Percebemos ontem que há formas diferentes de gerir. Para DdC, tudo se resume a negociar com os bancos um empréstimo, não cumprir e renegociar a dívida, regressando à casa de partida para negociar novo empréstimo e nova renegociação, aumentando o passivo e os juros da dívida.
    Para FSF há que reduzir o passivo para o limite dos 140 milhões (sendo os 100 milhões o “ideal”) e isso só se faz reduzindo as despesas, evitando delapidar o património (leia-se jogadores) como aconteceu no passado, fruto da renegociação com a banca.
    Se estivermos desconfiados à partida, os dirigentes serão sempre alguém que está a “chupar” o clube. FSF não é único, pois os anteriores já sofreram das mesmas desconfianças, o que nos leva a concluir que os presidentes do clube são todos uns “chupistas”, nós somos os únicos sérios no meio disto tudo.
    Finalmente, onde foram os sócios desrespeitados? Quem anda na Praça Pública a dizer da direcção, aquilo que faria corar um Santo? Quem desrespeita quem? Ou será que os sócios, por o serem são mais sócios que os dirigentes e, por isso, têm mais direitos, desde logo o de desrespeitar os dirigentes? O cargo é transitório, mas a sua condição de associado não é, e são tão sócios como qualquer um de nós. Já alguém parou para pensar nisso?
    2. “Onde há o que refiro acima, há estabilidade.” É verdade, mas também o é que o respeito tem duas vias, desde logo o respeito de um sócio por outro sócio, e já vimos que ele não existe, pelo que a estabilidade também não.
    3. “Se para si são “querelas estéreis” questões como o acesso dos Sócios às contas do Clube, alienações de património do Clube com chorudas comissões pagas a desconhecidos ou mesmo a alteração da Lei Fundamental do Clube para ajudar a aprovar uma medida que já foi chumbada, eliminando en passant a discussão em AG, então percebo o seu cheque em branco.” Não, não percebe caro JL. As contas do clube são públicas, qualquer um a elas tem acesso. Pode é não saber ler um relatório e Contas, mas isso são … outras contas. Porque sabem que o são, a desculpa agora é a entidade que analisa e produz o Relatório e Contas. Mas há alguém sério que não sejam os que assim pensam. É que pelos vistos todos são ladrões, corruptos e ao serviço de negócios espúrios, não se safa ninguém. Agora já nem o Dr. agostinho Abade, nem o Dr. Ernesto Ferreira da Silva. Não será obcessão?
    Ainda ontem vi alguém com documentos na mão e a fazer prova do que dizia. Não vejo ninguém a fazer prova desses negócios chorudos para os intermediários. Mas, ainda que assim fosse, se os recebeu para sobrevalorizar a venda, qual o problema? Algo que vale 5 milhões e foi vendido por 10, porque o intermediário que permitiu esse super havit não pode ganhar também ele com isso? Candura a mais, meu caro. Se assim foi, afinal até foi um bom negócio, já viu? Afinal, nem tudo é aquilo que parece. Fico à espera dos documentos que provem esse acto de má gestão, porque só esse deve ser condenado. Partilhar o negócio com quem o possibilitou e possibilitou um ganho extraordinário não é um crime nem um acto de má gestão, é mesmo um acto de boa gestão. Faça o meu caro um negócio destes e depois me dirá.
    Quanto à forma de tornear as dificuladades de aprovação, já expostas por Pedro Sousa no seu blog Bancada Directa, não é crime algum, apenas o uso legal das regras porque se regem as Sociedades Comerciais, o que qualquer um faria para aprovar o seu plano, não é um caso específico de FSF. O meu caro conhece pouco a dinâmica das AG, pelos vistos.
    4. “Não condeno quem acha que deve “lealdade” ao Presidente por ele ser Presidente do Sporting. Mas eu sou diferente. Sou leal ao Sporting, e leal ao seu Presidente sou por extensão, na justa medida em que ele sirva os interesses do Sporting.” Sobre isto acho que já lhe respondi atrás. Mas diz bem, lealdade, não servilismo. Está a ver como até identifica as coisas?
    Porque já vai demasiado longo, só para terminar lembrar-lhe direcções como: Jorge Gonçalves; Dr. Dias Amado (infelizmente já falecido); Pedro Santana Lopes; Vai dizer-me que estas foram melhores que a de FSF? Onde estava nessa altura?
    Para mim, que conheço o clube há 37 anos, com estilos diferentes e formas de gestão diferentes, depois de João dos Anjos Rocha este é o melhor presidente. E, para quem tem os pés assentes no chão, sabe que o estilo e a forma de gestão de João Rocha era impossível nos dias de hoje.
    Se quiser responder, e se achar que pode cansar o espaço do blog, sempre me poderá contactar para o meu mail, que desde já autorizo o administrador a ceder-lhe.
    Saudações leoninas

    Comentário por lyoncorner a 13 de Abril de 2009 @ 14:32

  10. 10

    Caro Lyoncorner,

    Devolvo-lhe o agradecimento pela elevação e pela forma escorreita como aqui deixa os seus argumentos. Concordo em absoluto com a sua posição de que o drama está no vazio de ideias e não na diferença entre elas.

    Começando pelos seus comentários mais…incisivos, para os tirarmos já do caminho:

    1.Se me permite que lho diga, näo lhe fica bem o “argumentum baculinum” da idade, especialmente quando defende de forma täo credível a sua opiniäo. Acho sinceramente que näo precisa de recorrer a ele, esse é mais apanágio do anciäo que näo se sabe fazer respeitar por outra coisa que näo por cá andar há mais tempo que os outros, o que näo é de todo o seu caso. Mais ainda, facilmente se confundiria com…paternalismo, o que é sempre desagradável.

    2. Agradeco a sua preocupacäo com a minha/nossa eventual inabilidade em ler um Relatório e Contas. Quero descansá-lo dizendo-lhe que Relatórios e Contas e o funcionamento de Assembleias Gerais e outras formas de representacao societária säo, por via profissional, uma realidade quotidiana. Em todo o caso, se me deparar com algum R e C que me cause mais dificuldades, considerarei seriamente solicitar a sua ajuda. Desde já o meu obrigado.

    Agora, e agradecendo a sistematizacao que usou, seguem os meus (poucos e certamente inquinados pela idade) comentários as suas palavras:

    1. Concordo que é de caractér respeitar o cargo, contanto que ele seja exercido em benefício da entidade que propicia esse cargo. Quanto ao respeito pelo meu empregador ou pela minha família, com esses tenho um contraditório que me permite questioná-los directamente quanto aos seus erros, e eles tem o bom senso e o bom gosto de me responderem. Gostava de dizer o mesmo quanto ao Presidente. Perde-se já a conta a quantidade de requerimentos e pedidos de esclarecimento negados ou pura e simplesmente ignorados por parte da actual Direccao do SCP. Sou o primeiro a ter bem presente a distincao entre uma pessoa transitória e uma entidade perente que subjaz ao príncipio proclamatório que cita. Mas o Sporting nao é uma monarquia e o poder dentro do Clube nao se encontra na “auctoritas” do seu Presidente transitório, mas antes nos seus Sócios. Mais ainda, quando a pessoa transitória se dispoe fazer perigar a entidade perene, levanta-se o valor mais alto de me ater a segunda, em detrimento da primeira. Sou do SCP e FSF é-me imaterial. A menos que ele queira colocar o SCP em cheque. Aí, canta outro galo.

    2. Caro Lyoncorner, esse raciocínio de legitimacao da crítica só pela contributo paralelo nao colhe. Pergunto-lhe eu: já se queixou dos impostos? Da saúde? Da justica? Estou certo que já.

    E uma reforma fiscal, já apresentou? uma remodelacao do sistema nacional de saúde? uma nova Lei de Organizacao Judiciária, quicá? Se nao, entao pelo seu raciocinio, está-lhe vedado dizer mal, porque nunca fez melhor ou sequer se aprestou a tal. Vai-me dizer assim: “Mas caro JL, pago impostos”. Ao que eu lhe direi: “Pois, mas caro Lyoncorner, eu pago quotas e/ou tenho accoes”. A legitimidade para dizer que as coisas correm mal nasce, como me parece evidente, delas estarem efectivamente mal. Mal seria se assim nao fosse, tinha que me candidatar a tudo para poder discordar. Eu já fiz a mim mesmo a questao que propoe. A resposta foi que fui passivo demais durante tempo demais relativamente a gestäo do meu Clube.

    3. Partindo do príncipio que efectivamente sei ler um R e C, remeto a sua afirmacao para o que já foi aqui dito sobre a “”publicidade” das contas do SCP: públicas sao, por imperativo legal, as contas da SAD. No entanto, o grupo Sporting conta com mais 17 ou 18 sociedades comerciais participadas que NAO tem contas publicas. Mais ainda, nao existem contas consolidadas do Grupo Sporting.
    No entanto, o orgao de fiscalizacao do SCP afirma o contrário. Aparentemente, ha contas e foram até mostradas aos Sócios. Torna-se entao bizarro que pedidos de informacao relativos a essas contas tenham sido negados com base no seu caracter confidencial. Destes pedidos tenho conhecimento pessoal, nao me contaram num café. Mais estranho tudo isto se torna quando descobrimos que existem contas num comunicado emitido por esse orgao (sabe-se lá no exercício de que competencias) a defender FSF e a fazer insinuacaoes quanto ao seu predecessor. Mas, nao contentes com esta estranheza, ainda somos brindados com o facto do comunicado ser emitido por um orgao colectivo composto, inter alia, por nada menos que 5(!) elementos eleitos nas listas desse infame predecessor que tanto critica. Mas, como tanta estranheza merece um gran finale, esses elementos, que estavam em funcoes a data da suposta pratica dos factos financeiramente lesivos do Clube, eram nada menos do que o orgao com a incumbencia estatutária de FISCALIZAR a regularidade financeira do Clube! Ou seja, o Conselho Fiscal, em comunicado, diz que Dias da Cunha criou um “buraco” financeiro que esse mesmo Conselho Fiscal ignorou. Se isto nao lhe parece no mínimo, digno de nota, nao sei que lhe dizer.

    Quanto a intermediacao, concordo na integra com a justeza de recompensar um intermediário que gera tao grande mais valia. Mas, dentro deste assunto, agradeco o seu esclarecimento (talvez a idade nao me permita ver as coisas com clareza) quanto a exactamente QUE mais valia gerou a sociedade comercial “Dignidade e Firmeza”, constituida no formato “empresa na hora” em Dezembro, e recebendo comissoes por um negocio de venda de patrimonio concluido em…Novembro? Creio que nenhuma. Mas isso devo ser eu, que sou..candido demais.

    Quanto a forma de tornear as dificuldades de aprovacao e a sua consideracao de que se trata duma “normalidade da vida societaria”, um reparo, simples: esta a ser proposta uma alteracao de estatutos, atraves do aditamento de um artigo 78 aos mesmos, dos Estatutos do Sporting Clube de Portugal, sociedade CIVIL de utilidade pública, e nao aos estatutos da SAD, que tem estatutos proprios, com normas proprias relativas a sua AG. Dai a aplicacao do Codigo Civil as maiorias de deliberacao de alteracao de estatutos, entre outras coisas. Portanto, estamos perante a aplicacao das regras pelas quais se regem as sociedades comerciais a uma sociedade civil.

    Mas mais que isto, caro Lyoncorner, avulta a dimensao ética das coisas: Face ao chumbo dum Projecto Lei na AR, parece-lhe que o correcto é fazer um projecto de revisao extraordinária da Constituicao para alterar as maiorias de aprovacao legislativa? Porque nao seria? A figura da revisao extraordinaria existe na CRP, o que teria de mal? O que tem de mal é o principio, como esta bom de ver. E a mensagem sombria de que o Presidente nao respeita os Socios e a sua deliberacao. Nos nao temos razao em chumbar, so temos e um processo de votacao que nao lhe da jeito para o que ele quer. De modo que toca a mudar. Parece-me obvio que se trata dum expediente para fazer entrar pelos fundos o convidado que foi deixado na porta da frente. De permeio, desaparece a discussao das ordens de trabalho em AG, coisa que, pese a minha (suposta) ignorancia da “dinamica de AG”, me parecia ser de manter, a bem do esclarecimento previo do universo votante.

    O que nos leva a questao do respeito, ou lack thereof. Nao tenho como considerar que um Presidente que é avesso á realidade associativa do Clube e que acha que o Clube nao devia ter Socios e que e da opiniao de que quando os Socios votam em sentido contrário do dele, o que urge e mudar as regras de voto me respeita como Socio. Tao simples quanto isto.

    4. Nao sao comparaveis as realidades dos Presidentes que cita com a actual. FSF teve e tem ao seu dispor formas de geracao de receita que os outros nao tinham e gere, no limite, uma entidade juridicamente diferente daquela que eles geriram. Nao se deve comparar o que poucos ou nenhuns pontos de comparacao tem, sob pena de se chegarem a conclusoes falaciosas.

    Mais do que isto, devo-lhe dizer que para quem se vendeu como tao diametralmente diferente dos anteriores e prometeu tanto mais, fazer pouco melhor com muito mais meios nao merece grande louvor.

    Quanto aos antecessores em concreto (suponho que o Presidente já falecido que refere seja é Amado de Freitas), parece-me irrelevante onde estava eu. Sou mais novo que o caro Lyoncorner, nao vi muito do que certamente terá visto, mas sei que o que temos agora ser péssimo, mas ainda assim melhor que os que tinhamos antes, nao diz bem do que temos agora, só diz mal dos que estavam antes. E se há coisa que a minha modesta idade já me ensinou é que temos que nos comparar com quem é melhor que nós. Com quem é pior é fácil, saímos sempre bem na fotografia.

    Saudacoes Leoninas

    PS: Desculpe a falta de alguma acentuacao no texto, sao dificuldades de hardware

    Comentário por JL a 14 de Abril de 2009 @ 5:12


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