Não se pode explicar o porquê de ser do Sporting. É-se porque sim, e assim se fica até se morrer. Ser do Sporting é uma paixão, das poucas que nos acompanham a vida inteira. É um acto irracional de pura entrega e total altruísmo.

No contexto do desporto actual, somos confrontados com a necessidade de contratar jogadores que, pelo seu valor e pela necessidade e urgência de criar equipas competitivas, dificilmente sentem a camisola às riscas verde e brancas, como um qualquer adepto. É raro ver jogadores anunciarem publicamente um Amor incondicional ao Sporting. Mais raro ainda, é ver jogadores estrangeiros, que não viveram essa Paixão desde crianças, sentirem-no de forma profunda.

Um desses jogadores muito raros, é o Sportinguista Ivaylo Yordanov.

Sabemos hoje que recusou jogar noutros clubes, por mais dinheiro, para continuar no nosso Clube. Que de certeza também é o dele, ao fim de 10 (dez!) anos de ligação. Numa época em que se perdeu o «amor á camisola» como noutras eras, vimos Yordanov, de forma altruísta entregar toda a sua dedicação ao Sporting. A sua disponibilidade era sempre total para dar o (seu) contributo à equipa. Poucos jogadores honraram como ele o nosso lema. O importante era jogar, e para ele até podia ser na baliza.

Foi com este espírito que o vi numa imagem inesquecível, colocar um cachecol ao pescoço da estátua do Marquês do Pombal, aquando da nossa conquista do campeonato de 1999/2000. Foi ele e mais nenhum outro que subiu ao cimo da estátua, porque era ele o Capitão de equipa, por mérito próprio. Confesso que dos momentos mágicos que se viveram naqueles dias, esse foi dos que mais me emocionou.

Yordanov saiu do Sporting já depois de saber que contraira doença grave que o acompanhará para o resto da vida.

Hoje estamos todos envergonhados ao continuar a ler na imprensa que o diferendo que tem com a Sporting SAD, continua. Que depois da Sporting SAD ser condenada em 2ª instância, vai recorrer para o Supremo.

Independentemente da razão que assiste a cada uma das partes, será que ainda vale a pena fazer a justa homenagem a um homem que deu tudo ao nosso Clube? É claro que sim!

Soares Franco pensa assim (dixit):

«(…) Os jogadores não sei se dão mais ao clube do que o clube dá aos jogadores. A relação é uma relação bilateral, não é uma relação unilateral. E julgo que ninguém se pode arrogar o direito de dizer que deu, quando as pessoas o que foram foi profissionais, e como profissionais mantiveram uma relação profissional com o clube, ou seja, tudo aquilo que fizeram foi remunerado pelo clube, remunerado e negociado, e portanto, quando é negociado, e se chega a um acordo, é porque ambos estavam contentes.

Por vezes as coisas, o que acontece, é que quando há uma relação muito extensa em termos de tempo, as pessoas ficam convencidas que são património do clube. Na vida profissional nós não somos património de uma empresa nem património de um clube. (…)»

É lamentável pensar dessa forma.

É de facto lamentável não perceber a diferença entre um  pequeno negócio e honrar a nossa imensa História.